segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Conteúdo versus Competência


Você se sente seguro com o conhecimento adquirido nos anos de sua formação na Famema? Explicaram a você por que não temos conteúdo de Anatomia, Bioquímica, Neurologia, Epidemiologia, Bioestatística ou ainda a razão de não estarem preocupados com o fim do estágio da UTI?

 Com a implantação do PBL em 1997 houve a transformação do nosso currículo, que passou a ser orientado por Competências. A partir daí, foi dado menor ênfase ao Conteúdo, o que resultou na abordagem precária de assuntos essenciais na formação médica.

A pergunta que fazemos é a seguinte: esse currículo baseado em competências dá plenas condições para o entendimento das ciências que embasam sua prática cotidiana nos diferentes cenários dos serviços de saúde?

Encontramos grandes deficiências na nossa formação. Por exemplo: Você, aluno do primeiro ano, sabe descrever a posição anatômica e relação com estruturas adjacentes de órgãos vitais como fígado, coração, pulmão, cérebro? Você, aluno do segundo ano, compreende a fisiopatologia de doenças como Hipertensão Arterial e o Diabetes, doenças de alta prevalência na população atendida nas USFs que você freqüentou por dois anos? E você, do terceiro ano, entendeu o porquê de todos aqueles testes neurológicos e a sua relação com as estruturas anatômicas e a neurofisiologia que embasa essas ações? E o que diria você do quarto ano, está apto a segurar um bisturi e extipar uma estrutura sem mesmo saber as camadas da pele que ela atinge? Sente-se seguro em realizar um diagnóstico tendo como exames complementares um hemograma, um raio-X ou uma tomografia?  

E vocês do internato, que estão prestes a segurar seu diploma? Compreendem a farmacocinética e farmacodinâmica das drogas que agora prescrevem? Conseguem fugir dos protocolos e ter governabilidade para fazer uma escolha crítica do tratamento e não submeter-se às armadilhas das indústrias farmacêuticas? Está correto você ter o primeiro contato com patologias importantes somente no MedCurso? Excesso de carga horária sem acompanhamento adequado é sinônimo de conteúdo? E o paciente com HIV positivo, deve ser abordado somente pelo residente da Infectologia? Ao sair com seu diploma na mão, sente-se seguro em realizar, sozinho, um Pré-natal, o parto e os cuidados com a puérpera e o recém-nascido? E o seu estágio de UTI, acha mesmo que deve ser retirado? Quais prejuízos isso acarretaria na sua formação?

Você sabia que nesse exato momento a Famema está passando pela reformulação do Currículo de Medicina?  As queixas e limitações são muitas e perpassam todas as séries. Portanto, é chegada a hora de nos unirmos, como estudantes  e docentes comprometidos com a nossa formação e organizarmos ações para transformar o panorama atual. Assim, esteja conosco na segunda-feira (dia 29/08) na praça do Carmelo às 19 horas, ou fique aí parado, de braços cruzados, esperando que as sucessivas aproximações aconteçam.

 DACA

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